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Publicidade da companhia aérea Avianca publicada na revista colombiana de arquitetura Proa nº 21, Bogotá, março de 1949.
Esta é a terceira e última entrega da serie de artigos dedicados aos desafios que os arquitetos e arquitetas de América Latina enfrentam na hora de pedir equivalência dos seus diplomas em Espanha. O primeiro implica planificar a habilitação e decidir quando fazê-la em função dos objetivos de cada um. O segundo desafio consiste em compreender o processo de habilitação, conhecer as habilitações universitárias implicadas e como conseguir cada uma delas. O desafio final é preparar-se para o contexto onde sucede tudo o descrito anteriormente.
Desafio número três: superar o choque cultural e académico com a universidade espanhola.
Um profissional que muda de país e que esteja disposto a dar continuidade à sua formação para continuar a trabalhar raramente é um profissional medíocre. Entre os arquitetos latinos que decidem estabelecer-se em Espanha, não faltam recordações de dias estudantis felizes, diplomas com honores e outros estímulos que os levaram a dar um passo adiante. São comuns os testemunhos que falam da faculdade de arquitetura como uma família. Mas, na mesma medida, opinam que o ambiente das escolas de arquitetura espanholas é muito diferente do latino-americano.
O processo de adaptação é duro. Os critérios de avaliação, o contacto com os docentes, a lidação diária, os costumes, a cortesia, tudo é diferente. Ainda por cima, os candidatos à equivalência devem enfrentar uma inegável lacuna profissional e vital entre eles e os seus colegas mais jovens. O choque cultural e académico normalmente leva a conflitos de todos os tipos, muitos deles convencionais, alguns mais sérios. Também é preciso conciliar esta nova vida estudantil com a situação migrante, a distância com os entes queridos e outras circunstâncias associadas à vida no estrangeiro que, mais tarde o mais cedo, deixa mossa.
Oxalá a transição corra bem, mas é muito provável que em algum ponto surjam problemas. Por isso, seria inteligente fazer uma previsão de riscos e estar ciente das possíveis dificuldades para enfrentar as mesmas da melhor maneira possível. A primeira chave é buscar grupos de apoio e fazer um esforço para se integrar em redes académicas e profissionais locais. Mas claro, embora existam muitos professores e diretivos ligados ao contexto ibero-americano internacional, ainda existem aqueles que não aceitam lá muito bem a chegada de novos talentos do sul global. Acontece nas escolas de arquitetura da mesma forma que acontece no resto da sociedade espanhola. Uma boa estratégia é identificar os círculos mais sensíveis dispostos a atuar como anfitriões e estabelecer relações com eles.
Resumindo, os três desafios para a equivalência dos que falámos nesta trilogia aludem à planificação estratégica, ao conhecimento do processo académico/administrativo e à chegada a um ambiente universitário repleto de luz e sombra. Os arquitetos migrantes que procuram a equivalência em Espanha geralmente vêm de contextos igualmente complexos. Na maioria dos casos, já possuem as ferramentas necessárias para ganhar a batalha. A chave está em conhecer bem o terreno ao que se chega e preparar-se para as eventualidades que certamente surgirão.
Se chegou até aqui, provavelmente esteja a pensar enfrentar estes desafios, já os tenha superado ou conhece alguém que já o fez. O final desta série é para si. Qual foi a sua experiência? Qual seria o quarto desafio a ser superado?
Este artigo foi elaborado através de entrevistas com diversos arquitetos e arquitetas. Entre eles, encontram-se: Rafael de Lacour, subdiretor da ETSA de Granada – UGR e coordenador do mestrado de Arquitetura; Raquel Martínez, coordenadora da licenciatura em Fundamentos da Arquitetura da Universidade Rey Juan Carlos; Johanna Díaz, arquiteta colombiana licenciada pela Universidade Nacional de Colômbia com licenciatura de arquiteta validada e estudante de Mestrado na ETSA de Granada – UGR; Olga Sánchez, arquiteta venezolana matriculada na Universidade de Los Andes de Mérida, com licenciatura de arquiteta validada pela UGR; Paz Molinari, arquiteta argentina licenciada pela Universidade de Buenos Aires com licenciatura de arquiteta validada na ETSA de Madrid – UPM; María Antonieta Loaiza, arquiteta venezolana licenciada pela Universidade Central de Venezuela e com licenciatura de arquiteta validada na ETSA de Barcelona – UPC; e Alejandro Henríquez, arquiteto colombiano licenciado pela Universidade de Los Andes com 15 anos de experiência profissional em Barcelona.
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