Pavilhão das Nações na feira de Nova Deli (Pragati Maidan), projetado pelo arquiteto Raj Rewal, inaugurado em 1972 e demolido em 2017.
No primeiro dia de aulas apresentamos o programa da disciplina de História da Arquitetura: Grécia-Roma-Românico-Gótico-Renascimento-Barroco. Nas 15 sessões deve-se dar as principais etapas históricas da arquitetura ocidental, além de dois exames parciais. Uma estudante originária de Ásia pergunta: “porque é que estudamos tantas coisas de Itália?1” No semestre seguinte incluímos, embora de maneira esquemática, dois temas: arquitetura tradicional da Ásia oriental e arquitetura bizantina. Depois apareceram novas ligações e novas visões sobre arquitetura da Europa Mediterrânea. Ao responder à pergunta sobre Bizâncio no exame, um estudante desenvolveu a influência da Agia Sofia de Constantinopla sobre a arquitetura do império Otomano e o mundo Muçulmano. Mais um tema para adicionar ao programa da disciplina, embora de maneira ainda mais esquemática…
De maneira parecida, a história da arquitetura moderna raramente aborda as “outras modernidades” dos países socialistas, do mundo pós-colonial da Ásia ou de África, da era atómica e do pós-socialismo. Foi ali que os conceitos modernos – os ensinos dos Mestres do Movimento Moderno – foram levados ao limite num processo de negociação com a topografia, o clima, os materiais, o conhecimento e a tecnologia local. Tiveram de se adaptar às realidades culturais e às doutrinas políticas e ideológicas, às vezes muito diferentes daquelas que marcaram a sua origem para mostrar as virtudes e as vicissitudes da modernidade.
O texto de Manuel Saga fez-me refletir sobre a minha experiência docente dos últimos anos no campo da história e da teoria. A escola de arquitetura está-se a internacionalizar a passos largos, sendo a privada a que talvez avance mais depressa, pois nesta grande parte do conteúdo é dado em inglês para formar arquitetos que atuarão em vários contextos. Por outro lado, os programas de intercâmbio e os study abroad também fazem com que seja preciso abrir a mentalidade. Além disso, há um crescente interesse em incluir a história do urbanismo e da arquitetura noutras disciplinas de humanidades ou de economia, que se abrem para o mercado global de maneira muito decidida. Esta abertura virada para as visões de outras culturas e de outras profissões levanta inevitavelmente questões sobre temas e sobre a maneira de explicar a história.
Parece que devemos mediar cada vez mais as duas formas de explicar a arquitetura: através de objetos ou como consequência de diferentes processos de negociação e adaptação, onde a visão tende a ser interdisciplinar. Porque no fundo estudamos a história para aprender com a mesma, mas também para proteger os monumentos, conjuntos e lugares2 que formam as nossas cidades, a nossa identidade e a nossa diversidade.