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Guía para ventilación en aulas. Instituto de Diagnóstico Ambiental y Estudios del Agua, IDAEA-CSIC. Mesura (outubro de 2020)

Desafios do espaço escolar face à pandemia (II)

Imagem: Escola ao ar livre para meninas no Afeganistão. Fonte: Pixino. (Creative Commons).

Depois de quase três meses de escola, esta demonstrou ser um espaço mais seguro contra contágios do que o esperado. O uso de máscaras, ventilação e desinfeção permanente têm sido ferramentas eficazes no combate ao vírus. No entanto, conforme antecipado no artigo anterior, além das medidas sanitárias, seria necessário verificar se houve um trabalho paralelo sobre o bem-estar dos alunos. Para isso, descreveremos quais são as mudanças espaciais mais frequentes nos centros e a reflexão arquitetónica, social e pedagógica que ditas mudanças deveriam gerar.

  • Utilização dos espaços externos não só para recreio, mas também para trabalhos académicos, já que o contágio em espaços abertos é 20 vezes menor. Esta medida, infelizmente, não tem sido das mais difundidas. A utilização de novas tecnologias dentro da sala de aula, a falta de mobiliário e a carência de conforto nos espaços exteriores não têm propiciado o seu uso regular como sala de aula. Assim, a pandemia veio reforçar a necessidade de entender os pátios escolares como lugares de aprendizagem (social, curricular e de ligação com o bairro) e a urgência de criar nos mesmos um ambiente adequado através da vegetação e do mobiliário.
  • Ventilação natural nas salas de aula e separação dos alunos. Este tem sido o procedimento mais difícil de cumprir porque as salas de aula têm uma relação de 1,5 m2 por mesa e porque muitas das salas não têm ventilação cruzada. Agora que as temperaturas desceram consideravelmente, os alunos são obrigados a permanecer nos centros com casacos e mantas e com o aquecimento no máximo. Além disso, o escalonamento das horas do pátio ou do trânsito nas ruas com as janelas abertas leva a um alto nível de ruído, dificultando a comunicação dentro da sala de aula. Tudo isso se traduz em condições pouco adequadas de aprendizagem. Um documento interessante que abordou este aspeto é o guia do CSIC[1] que, seguindo recomendações de Harvard, propõe alternativas para o tratamento do ar e cujas soluções (ventilação forçada e purificação do ar com sistemas HEPA) seria conveniente considerar nas futuras instalações escolares.

 

 

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      • Entradas e saídas escalonadas do alunado. Outro debate interessante que o coronavírus abre é a necessidade de amplos espaços urbanos que sirvam de receção para famílias e alunos nos horários de entrada/saída da escola. Propostas como a eliminação de parques de estacionamento ou vetar o trânsito nas ruas em horários determinados dever-se-iam consolidar após a pandemia como medida permanente, assim como o fomento do transporte sustentável.
      • Percursos nos corredores organizados para evitar multidões. Embora agora estes espaços só possam trabalhar de forma funcional, é importante começar a dar-lhes importância e dimensões generosas, considerando-os lugares necessários para a socialização e intercâmbio. Se algo ficou claro nestes tempos de pandemia é que, na escola, o currículo é tão importante como as relações afetivas que nela ocorrem, e que é necessário incorporar esta realidade a nível espacial.

      A UNICEF denuncia num artigo recente que 320 milhões de estudantes no mundo não podem ir às aulas e chama a atenção do “efeito pernicioso desses encerramentos no processo de aprendizagem, assim como o bem-estar das crianças”2. Devemos ter sempre presente que muitas escolas são o alimento e a segurança para crianças marginalizadas e vulneráveis. Esperemos que uma reflexão pausada sobre a pandemia ajude também a gerar “vacinas” em aspetos como o espaço escolar e que esta tenda a produzir ambientes acolhedores que contemplem a totalidade, física e mental, da comunidade educativa.

       

     


Artigo relacionado:

Texto traduzido por Inês Veiga. 
Notas de página
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Guía para ventilación en aulas. Instituto de Diagnóstico Ambiental y Estudios del Agua, IDAEA-CSIC. Mesura (outubro de 2020)

Por:
Es arquitecta por la ETSA de Sevilla (2003) y Máster en Arquitectura y Patrimonio Histórico (2008). Primer premio por su fin de carrera en la XXI Edición del Premio Dragados. Se forma en el estudio de Ricardo Alario, con quien comparte actualmente actividad profesional . En 2011 funda junto a Tibisay Cañas, Laura Organvídez, Ana Parejo y Sara Parrilla cuartocreciente arquitectura, una iniciativa creada con el objetivo de mejorar los tres espacios principales en los que se desarrolla la niñez (casa, escuela y ciudad) a través de la investigación, los talleres de arquitectura, la realización de proyectos y el diseño de objetos. Actualmente desarrolla un tesis sobre el espacio de juego exterior en la infancia, dirigida por Ángel Martínez García-Posada. Ha escrito y presentado diversas comunicaciones sobre el playground y el juego del niño en la ciudad.

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