

Alex Duro. Del paralex al Grasshopper. Blog Fundación Arquia (Julho 2017)
Daniel Moyano: Dibujar un proyecto. Blog Fundación Arquia (Dezembro 2014)
Fazer parte de uma das últimas gerações que teve de pintar na escola e uma das primeiras a começar a usar ferramentas paramétricas, dá-me uma certa perspetiva para lidar com esse tema.
Estou convencido de que há uma profunda desafeição entre a criação arquitetónica e as ferramentas que se usam nos seus processos e poucos se perguntam o porquê da mesma, ou se é sequer oportuno solucioná-la. Podemos ler nesta casa como Alex Duro1 é capaz de afirmar com plena rotundidade que a arquitetura é pensada com as mãos, mas também como Daniel Moyano2 arrisca quando diz que produzimos arquitetura com ferramentas que podiam muito bem permitir gerar uma informação muito mais rica, complexa e produtiva.
Nesta tessitura, custou-me mil anos de investigação para chegar a uma certa conclusão de que a razão deste quero mas não posso é muito simples. A chave era pensar nos processos de arquitetura como se fossem processos de programação…
Em programação, existem dois tipos de linguagem, a de alto nível (de abstração) que é usada pelos humanos porque podemos entendê-la e ajuda a projetar programas humanos; e a de baixo nível (de abstração), aquela entendida pela máquina e que contém as instruções para fazê-la funcionar. Geralmente são muito difíceis de ser entendidas pelos humanos e contêm instruções para os aparelhos muito, muito específicas.
Na arquitetura, poderíamos associar essa dualidade ao facto de que a documentação construtiva é a linguagem de baixo nível (de abstração). Contém instruções muito precisas para que a máquina (a construtora) execute a construção. A partir daqui, descobrimos que esta linguagem já foi portada para o digital de uma forma altamente eficaz nos suportes BIM.
Mas… então quais são os sistemas de alto nível (de abstração) na arquitetura? Por agora, para mim e para muitos colegas, continua a ser o esboço a lápis, a maquete de trabalho e, acima de tudo, a cabeça.
Por que não existem ferramentas digitais de alto nível (de abstração) como existem na programação?
Ora bem, é um tema ao qual dedico muito tempo, há anos, mas que não sabia como questionar com esta clareza. As minhas respostas (provisórias) são várias…
Que continuamos a lidar com a tecnologia do baixo ao alto nível e que isso não incorpora abstração… Muitos de vocês não gostam nem sequer da ideia de usar o BIM para um anteprojeto. Desenhar um espaço e que apareçam as layers de um paramento dá arrepios e é normal…
Que trabalhar com o espaço, que para mim é a matéria prima da arquitetura, é terrivelmente abstrato, e, por isso, muito difícil de manipular. É mais fácil desenhar e encapsular nesse ato todo o nosso conhecimento sobre esse espaço que tratar de o transformar em informação para que os PCs os possas computar…
Que não gostamos de perder o controlo. E aqui incido numa má interpretação. A grande maioria dos que rejeitam tudo o que está ligado à computação na arquitetura tem a ver com a automação e isto com delegar o controlo ou a autoria à máquina. E entendo o vosso medo porque existem muitas linhas de trabalho que vão nessa direção, mas o verdadeiro potencial, ainda pouco explorado, está em aumentar o nosso poder criativo e acima de tudo o nosso controlo sobre todo o processo entendido como uma sequência integral…
Se vos interessa este tema, aqui têm um breve resumo do estado atual da minha investigação.
Alex Duro. Del paralex al Grasshopper. Blog Fundación Arquia (Julho 2017)
Daniel Moyano: Dibujar un proyecto. Blog Fundación Arquia (Dezembro 2014)