Há 10 anos que utilizo as redes, ou pelo menos assim o indica a que uso há mais tempo. Uma década – quase nada –, uma coisa que surgiu como uma nova forma de partilhar as vivências quotidianas entre os universitários americanos, tornou-se numa das ferramentas1 de comunicação com mais utilizadores2.
Um período cheio de acontecimentos que marcaram e produziram mudanças na forma de comunicar, uma palavra que no seu próprio significado contém uma aceção3 que abrange muito mais do que inicialmente se poderia pensar.
«Fazer uma pessoa partícipe do que se tem», segundo a definição da RAE, em espanhol.
Assim, durante este período, os arquitetos esforçaram-se por tornar partícipe a sociedade do mundo onde trabalham, estudam e investigam. É bem verdade que este esforço teve sortes díspares, possivelmente devido à inexperiência, ao meio, etc. Embora estes fatores se tenham mitigado ao longo do tempo, parece que ainda carregamos o mantra
“os arquitetos não sabem comunicar”4.
Em geral, nós, os arquitetos, somos muito (auto)críticos, talvez até severos demais em comparação com outros profissionais cujo trabalho tem o mesmo ou maior impacto na sociedade.
Nesta procura por melhorar este trabalho, desenvolveu-se um evento, o Vasos Comunicantes, com três intervenções5 que mostravam a sua capacidade e perspetiva no momento de comunicar arquitetura.
Embora possam parecer díspares, todos mostraram raízes comuns e fazem parte do ecossistema de meios6 arquitetónicos do panorama atual. Estas raízes apoiaram-se sobre alguns dos princípios essenciais herdados7 tais como o conteúdo, a linguagem e a credibilidade. Atualmente, dada a velocidade e fugacidade de algumas ferramentas, bem que podíamos incluir a constância como virtude.
Quem não terá lido pelo menos uma vez “o conteúdo é rei”?8 Apesar de ser uma das frases mais usadas em marketing, não é alheia à realidade; a informação é o mais importante, mas não qualquer uma, tem de ser (ou deveria) de qualidade, pelo menos de máximo alcance por parte do emissor.
Mas, como em qualquer ato de comunicação, devemos ter em consideração o recetor. É imprescindível saber como nos devemos expressar para que a informação chegue corretamente, ou seja, aproximar-nos do nível do recetor (o que não implica banalizar ou rebaixar a qualidade), e é aí que a linguagem adquire uma relevância capital. Esta virtude é mais importante do que o meio, já que hoje são uns, mas amanhã podem ser outros (lembrem-se do Fotolog, Tuenti, Vine ou, mais recentemente, do Google+).
“A maior virtude da internet é, simultaneamente, o seu pior defeito.” Anatxu Zalbeascoca
Então, como escolher ou hierarquizar entre tanto conteúdo? Bom, naqueles emissores que mostrarem um alto grau de credibilidade9.
Embora estes princípios não sejam novos, deveríamos incluir na arquitetura o tempo, um dos grandes materiais e um “testemunho da história”. Mas este lento fraguar é muito importante “embora choque de alguma maneira com este mundo tão acelerado” visto que se afastará muito das modas passageiras que muitas vezes a acompanham.
Mas talvez a primeira grande questão seja
O que devemos comunicar em arquitetura?
No entretanto, comuniquemos da melhor maneira possível.
Imagem: Recordando a Coderch | Fonte: Blog Arquitectura entre d’altres solucions, Jaume Prat
Texto traduzido por Inês Veiga