“Can playgrounds make cities?”

Três centros, três pátios escolares: Escola Primária Fort Pienc; Instituto Quatre Cantons de Poble Nou; Escola primária La Farigola del Clot. Barcelona, 2008–2017. Localização dos centros escolares onde se realizaram as intervenções.

O projeto de renovação de pátios e ambientes escolares, como plano e programa das políticas urbanas da cidade e como projeto arquitetónico regulado, é uma disciplina que continua pendente e em incipiente desenvolvimento. “A cidade esqueceu-se das crianças, os urbanistas pensaram durante muito tempo em satisfazer um modelo de cidadão que corresponde a um barão, adulto e em idade ativa, ou seja, uma minoria”, diz Tonucci. Da mesma forma, a função vital e integradora do pátio da escola caiu no esquecimento: as crianças não poderão entender o seu meio se não o descobrem, conhecem e reconhecem, se não o vivem em todas as suas possibilidades como espaço coletivo. Não é por acaso que, ao mesmo tempo que se fala de cidades sustentáveis, haja um crescente interesse pelos espaços, ambientes e caminhos escolares.

Tudo isto requer a revisão e o aprofundamento das ideias, das abordagens, dos programas e experiências relativas à “arquitetura do pátio” e dos espaços para brincar na cidade. São estes âmbitos que hoje voltam a ter um renovado protagonismo e nos quais se deve conciliar e integrar o projeto dos espaços escolares como projeto de inovação pedagógica em si, inserido numa visão amplia e ambiciosa orientada a uma cidade educadora.

Três intervenções realizadas em Barcelona, projetos com limitações de tempo, orçamento e de normativa, conseguiram um grande impacto no desenvolvimento da vida do pátio de três centros escolares: o pátio da primária da Escola Fort Pienc; o pátio da biblioteca do Instituto Quatre Cantons de Poble Nou e a área (pátio e salas de aula) da parte pré-escolar da Escola La Farigola del Clot.

São três centros que exemplificam estratégias e soluções de conjunto, representativas de várias formas de intervenção, orientadas por critérios básicos: por um lado, a promoção da relação física e das atividades entre as salas de aula e o espaço exterior é fundamental. Por outro lado, a ampliação da vida do pátio às áreas circundantes a partir dos centros ao seu ambiente urbano desempenha um papel fundamental na socialização das crianças, que interagem de forma independente em ruas, praças, parques e bairros. Assim, a cidade e a escola desempenham um só papel educador. Finalmente, também é importante combater a monofuncionalidade, estimular a conformação de lugares, espaços reconhecíveis, caracterizados e flexíveis ao mesmo tempo, onde se possam desenvolver atividades diversas e novas ou apropriar-se do espaço de maneira diferente. Trata-se de transformar os pátios em espaços atrativos e verdes, e permitir a configuração – através da agrupação de mobiliário adaptável em materiais naturais e nobres –, de espaços mais habitáveis para atividades regulamentadas e/ou também efémeras, como parte de uma estratégia de melhoria ambiental e espacial generalizada.

No pátio, espaço público e coletivo da escola, as crianças – futuros cidadãos –, aprendem dinâmicas de socialização e de exploração. A sua experiência estende-se de casa às escadas do prédio, ao pátio dos vizinhos, à calçada e os jardins do bairro; e destes espaços às ruas e praças da cidade, lugares de convivência onde o trabalho pedagógico não é explícito, mas implícito no mesmo projeto ou redesenho do espaço. Trata-se de entender a escola como cidade e o pátio como praça. As escolas precisam sempre de mais assessorias e projetos específicos de intervenção para melhorar os seus espaços.

Mas, se já existem projetos de reabilitação de edifícios, quando é que se começará, desde das instituições, a fazer uma verdadeira política de intervenção estratégica e de melhoria ambiental nos centros e ambientes escolares existentes? E, também, quando é que se poderá intervir através de “projetos regulamentados de reabilitação integral” nos pátios escolares?… Temos um enorme trabalho pendente.


Apresentação dos XXIX Prémios Habitácola “El patio de escuela” / Arquinfad

mayorga-fontana arquitectos

Por:
Maria Pia Fontana, Profesora de la Universidad de Gerona (UdG). Doctora en Proyectos Arquitectónicos (UPC). Postgrado en Proyectación Urbanística (UPC). Arquitecta Universitá degli Studi di Napoli. Miguel Mayorga Cárdenas, Profesor Universidad Politécnica de Cataluña Barcelona (UPC). Doctor en Urbanismo y Gestión del territorio (UPC) Máster en Proyectación Urbanistica (UPC). Arquitecto Universidad Nacional de Colombia (UNAL). Bogotá. Profesores colaboradores de la (UOC). Actualmente investigamos sobre cultura visual, arquitectura, ciudad y fotografía. Trabajamos sobre la habitabilibilidad y sostenibilidad arquitectónica y urbana con el uso de las nuevas tecnologías y nuevas modalidades de procesos técnico-participativos, en el desarrollo de proyectos urbanos, equipamientos, centros y entornos escolares, con énfasis en el diseño del espacio público y colectivo. Socios de mayorga+fontana arquitectos.

Deja un comentario

Tu correo no se va a publicar.

Últimos posts