O BIM é necessário quando o desenho se torna num instrumento de grupo, com equipas amplias e localizadas em diferentes países, e é bastante utilizado em empresas estrangeiras que trabalham com rigorosos padrões de qualidade.
Este ano pode ser um ano-chave para o BIM em Espanha. Sergio Marín (Arquiteto da Comissão Europeia) relembra-nos que a Comissão BIM do Ministério de Fomento propõe dar preferência a todos aqueles que façam uso do BIM nas contratações de licitações públicas a partir de março de 2018, ser um input obrigatório para a edificação a partir de dezembro de 2018 e, para infraestruturas, a partir de julho de 2019.
Para Marín (e para qualquer um de nós) “isso é daqui a nada, tendo em conta o tempo necessário de aprendizagem”.
BIM em Construtoras. O autêntico BIM Management existe?
É difícil garantir que o CAD fique obsoleto no setor de construção no espaço de tempo de um ano, tendo em conta a velocidade da sua utilização e a reduzida prioridade que as empresas espanholas dão à formação interna. De facto, Antonio Sánchez, de Godwin Austen Johnson-Dubai-UAE, afirma que as construtoras continuam a exportar o modelo a CAD, o que não evita possíveis erros na obra.
O BIM é um processo integral. Por isso, deve-se diferenciar a figura do BIM Modeller (que utiliza software BIM) do BIM Manager, que coordena processos e programas complementares, o que permite um maior controlo “sobre a totalidade da vida útil do ativo imobiliário, caso, desde o inicio, se tenha preparado para tal”, segundo Fernández Fenollera, Diretor de Arquitetura de TYPSA.
Javier Casado Ortiz (Office BIM Manager de AECOM) acredita que o primeiro trabalho do BIM Manager deve ser o de avaliar se realmente beneficia o cliente, porque “fazer BIM a um nível muito avançado não é nem fácil nem barato, e não devemos penalizar desnecessariamente os nossos gastos”. Casado Ortiz defende que programar as ferramentas disponíveis para resolver necessidades específicas fará toda a diferença.
BIM nos Organismos Públicos
A implementação desta metodologia em 2018 parece bastante duvidosa. Para fazer um balanço, também consultámos arquitetos da Administração.
De acordo com Almudena Díaz, Arquiteta Municipal de Disciplina Urbanística, “o funcionamento interno da administração local é complexo, e nem sempre é fácil implementar as melhores técnicas disponíveis, nem as inovadoras”. A priori, a implementação do BIM não afetaria o seu departamento, porque as licitações de obra têm um preço fechado e não exigem nenhum controlo orçamentário. Para desenvolver as suas funções, “os programas de desenho a nível de utilizador e de metodologia SIG são suficientes para realizar a consulta de planeamento aplicável, bem como para os expedientes”.
Juan Manuel Fernández Alonso, Conselheiro Técnico da Direção Geral de Planeamento e Gestão Urbanística da Câmara de Madrid, também afirma que “na elaboração e no acompanhamento de planos urbanísticos, o BIM não deve ser implementado, salvo em caso de projetos de urbanização”. Por outro lado, manifesta a necessidade de uso de sistemas GIS por parte dos arquitetos que elaboram o planeamento, visto que estes arquitetos “são um canal muito importante para canalizar a transparência da informação e os elementos de diagnóstico”.
BIM e… VIZ?
Muitos arquitetos preocupam-se com a visualização arquitetónica do software BIM face a outros programas como o 3DS Max. Segundo Alfonso de las Peñas, Operations Director da Tetris Arquitectura, transfere uma representação “muito realista e chamativa, tanto para promotores como para empreiteiros”. E para bom entendedor, meia mostra basta.
Visualização BIM de Tetris Arquitectura
Cesar Frías Enciso, Diretor Criativo de Morph Estudio, acrescenta que “a tecnologia sempre foi pioneira da mudança. Ferramentas estilo Enscape ou Lumion facilitam a visualização constante do projeto, combinadas com Archicad, Revit ou algum software paramétrico como o Dynamo, o que nos permite ir mais longe que nunca a nível de audácia formal, sem perder o controlo sobre a geometria e os espaços gerados.”
De qualquer forma, o objetivo final de BIM não é a representação fotorrealista e sim “recuperar a parte da construção que se tinha desvanecido, resultado da imposição de uma representação idealizada, e muitas vezes irrealizável, propiciada pelos avanços em rendering”, segundo Sergio Marín, o nosso “cérebro expatriado”.
Que assim seja.
Agradeço a colaboração para a realização deste artigo de Antonio Sánchez Aguilar (Arquiteto BIM em Godwin Auster Johnson-Dubai-UAE), Samuel Rubio Sánchez (Arquiteto em BIG e Fundador de SR Studio), José Hernando (Arquiteto em ARUP), Jaime Méndez Quintero (Diretor de Projecos em 3G Office), Alfonso de las Peñas (Operations Director da Tetris Arquitectura), Javier Casado Ortiz (Office BIM Manager de AECOM para Building & Places) e Carlos Temprano, Leyre Victoria Octavio de Toledo Rodríguez (Diretora Geral de División Arquitectura AGUIRRE NEWMAN) e Anna Gener Surrell, Salvador Fernández Fenollera (Diretor de Arquitetura de TYPSA), Luis J. Aguilar Benavides, Enrique Alario, Pablo Gilabert Boronat (Gestor de Projetos I+D Cype), Sergio Marín García, (Arquiteto Funcionário da Comissão Europeia), Almudena Díaz Puertas (Arquiteta municipal do departamento de disciplina urbanística), Juan Manuel Fernández Alonso (Conselheiro Técnico da Oficina de Estudios y Evaluación Urbana da DG de Planeamento e Gestão Urbanística, da área de desenvolvimento urbano sustentável da Câmara de Madrid), César Frías Enciso (Arquiteto e Diretor Criativo de Morph Estudio), César Alonso Moro (arquiteto em “El Bulli Foundation”), Lorena Torres Boker (Fundadora e CTO de VRandGO!), Jon Aguirre Such (arquiteto de Paisaje Transversal), Jesús A. Izquierdo (arquiteto de Herizo)
Imagem: Proyecto Islas Estelas de Morph Estudio
Texto traduzido por Inês Veiga