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A nós, arquitetos, não nos ensinam a vender

Communicate Foto CC by-nc-sa Simon Huggins

A nós, arquitetos, não nos ensinam a vender.

Todos ouvimos, desde tempos imemoriais, a cantiga de que “a nós, os arquitetos, não nos ensinam a vender

Não duvido da veracidade da frase; mas talvez a abordagem da questão deva seja outra.

Dizemos que queremos vender, mas sabemos, os arquitetos, sequer o que é um prosumer? O que é geração de confiança? O que é um prescritor? Sabemos como é que se vende no século XXI?

E se o que se deve fazer agora não é vender?

Nos últimos anos assistimos a um “boom” da social media. Uma sobredose de informação superficial constante. Neste contexto, como é que podemos chegar aos potenciais cliente se eles próprios já estão saturados?

Sem ser especialista, mas com alguns anos de experiência autodidata às costas, atrevo-me a recomendar uma linha de ação que deve estar clara e radicalmente afastada dos conceitos de publicidade marketing ou venda.

Devemos comunicar.

Eu sou tão categórico a partir da convicção de que o problema que temos se pode resolver desde uma perspetiva mais amplia que aquela meramente mercantil.

Não se trata só de que não sabemos vender, trata-se também do facto dos nossos potenciais clientes não entenderem o que vendemos.

Para resolver este défice de entendimento faz falta comunicação, diálogo, conversação. Faz falta um intercâmbio bidirecional de ideias entre os prestadores de serviços, nós (e aqui não admito discussão, o nosso trabalho é prestar serviços), e os recetores do mesmo, a sociedade.

O nosso mercado está morto, mas não porque se tenha secado, mas porque não fizemos nada para o cultivar.

Para resolvê-lo podemos atuar com consciência.

Como? Com a comunicação da nossa presença no simples processo da restauração da casa de banho de uma familia, que não só é necessário por lei como também é enormemente produtivo. Isto para explicar que a arquitetura vai mais além de fazer uns desenhinhos; para fazer entender que somos os máximos (por ser os primeiros) responsáveis de todos os processos que impliquem edificar para as pessoas, simplesmente porque somos os mais capacitados.

Achamos que a chave do nosso novo estabelecimento na sociedade (porque não é desejável restabelecermos no mesmo sitio antes por nós ocupado e que tantos problemas geraram), passa por explicar não as bondades do resultado – ainda que muitos o gozem, a poucos lhes importa -, senão pelas bondades do processo e especialmente de que sejamos os agentes do mesmo.

Conversation Foto CC by-nd Daniel TheDCoy

O que propomos é simplesmente transmitir aos potenciais clientes, a idoneidade de incorporar o nosso trabalho num processo de resolução de uma necessidade para a qual nos consideram meramente um estorvo. Um intangível imaterial cuja verificação só ocorre, se houver um exercício de reflexão, a muito longo prazo. É fácil, não é?

Pois é isto que temos que comunicar. Nada de vender, nada de fazer pedagogia, nada de conseguir clientes.
O que deve ser feito agora é depositar um substrato sólido e capaz de valorização da nossa presença, de compreensão do nosso trabalho.

Devemos gerar uma nova base cultural e social que nos possibilite, a nós e às futuras gerações, um diálogo fluido e constante com a sociedade. Só assim poderemos voltar a ocupar um lugar no mundo ao qual devemos o nosso serviço.


Texto traduzido por Inês Veiga.
Por:
[Miguel Villegas] Soy arquitecto, editor y consultor en arquitextonica, docente en la Escuela de Diseño CEADE-Leonardo y además de desarrollar mi tesis doctoral sobre arquitectura informacional, me dedico a hacer arquitectura al servicio de las personas junto a Lourdes Bueno Garnica en villegasbueno arquitectura. Lourdes Bueno y Miguel Villegas.

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