“A experiência educativa estende-se a todos os aspetos da vida dos alunos e a missão académica e o programa da Universidade têm um complemento importante na ampla estrutura educativa que os estudantes encontram fora da sala de aula». Portanto: «a gama de atividades dentro e fora do Campus, os recursos e os espaços, são entendidos como um todo educativo rico e complexo”.
Denise Scott Brown
Três estratégias de Campus-cidade: “Campus Master Plan University of Pennsylvania” em Filadelfia (1989-1994); o “Campus Plan University of Michigan” em Ann Arbor (1997-2002) e o “Planning for Campus Life Brown University” em Providence (2004). VSBA.
A Universidade, como todos os espaços educativos, não pode ser considerado um espaço separado do seu contexto nem dos processos sociais e urbanos em curso. De facto, é sempre mais necessário que lhe seja atribuído um novo papel e que recupere funções importantes no contexto atual, atendendo às necessidades locais, globais e mais específicas. Mais do que espaços autorreferenciados, os centros educativos devem ser parte integral de uma rede de lugares que fortaleça relações, mistura de usos e atividades compatíveis, capazes de promover uma vitalidade na cidade. Lugares de identidade e valor cívico com um papel ativo como infraestrutura urbana social e ambiental.
Denise Scott Brown, como diretora do Departamento de Planificação urbana da empresa Venturi & Scott Brown Architects, liderava mais de sessenta estudos, master plans e projetos de Campus, edifícios universitários e colleges localizados maioritariamente nos E.U.A. Os projetos são soluções inovadoras que abordam o físico, o relacional, o ambiental e também o tecnológico, mas abordam, sobretudo, o existente, tratado com análises morfológicas, topológicas e de uma dimensão social centrada nos utilizadores e na gestão dos processos no tempo.
Podemos exemplificar isto através de três estratégias diferentes: o “Campus Master Plan University of Pennsylvania” em Filadelfia (1989-1994); o “Campus Plan University of Michigan” em Ann Arbor (1997-2002) e o “Planning for Campus Life Brown University” em Providence (2004). No primeiro caso, o Campus é concebido como um “Parque linear urbano”, que estaria comunicado com o centro da cidade; no segundo, propõe-se um novo “edifício-conjunto urbano com rua interior”, lugar centrífugo e catalisador de atividades; e no terceiro, estabelece-se uma “rede distribuída e interligada de espaços próximos e novos usos para revitalizar a vida urbana”. Aposta-se pela biodiversidade, pela centralidade, pela proximidade, pela urbanidade, pelas “coisas e as relações entre coisas” como diria Nuno Portas.
Usam-se mapas de padrões, de circulação, de usos e atividades, com diagramas que identificam estrategicamente problemas, oportunidades, potenciais e opções de solução capazes de reforçar o caráter dos edifícios e espaços urbanos existentes. Mostram-se áreas de encontro, redes de circulação, ligação e acesso através de mapas “Nolli” e secções urbanas. Desenham-se “linhas de desejo” e de conectividade de utilizadores, de interligação da paisagem (topografia e edifícios) com uma gestão taxonómica da vegetação e dos espaços verdes (romântica, icónica, simbólica ou comum). Uma ideia de Campus como um todo em equilíbrio tal como relembra também Carlos Martí Arís.
“Como de costume, a análise etimológica é decisiva para mostrar que a raiz do “Campus” nada mais é do que o vocábulo latino que se refere ao campo como termo oposto à cidade. A noção moderna de ‘Campus’ reivindicaria, portanto, como principais objetivos o regresso da presença ativa da natureza dentro do tecido urbano e a investigação de um novo equilíbrio entre ambos fatores vistos como ingredientes básicos do espaço habitável”.
A contemporaneidade de Denise reside em compreender o Campus como um lugar de renovação, capaz de propiciar novas aprendizagens e encontros através de relações dinâmicas entre interior e exterior, vida urbana e vida académica, cidade e natureza. Uma ideia de campus-cidade como “um todo”, uma aula aberta, ativa, verde, expandida, saudável e habitável.
Texto traduzido por Inês Veiga.
“Learning from Denise (I) Dentro, fora e entre edificios…”