Além dos materiais utilizados na construção, o consumo desmedido de energia é outro dos grandes problemas da contemporaneidade ligados à poluição. Trata-se de um desafio complicado, uma vez que a introdução de energias limpas significa a paulatina substituição de toda uma série de infraestrutura de grande escala, acompanhada de um grande investimento. Mas, por outro lado, é uma ação necessária com impacto imediato no nosso próprio meio. Nesse contexto, e com o objetivo de propor uma solução, a partir do nosso atelier tem-se vindo a abordar, em colaboração com a engenharia, o ITE (Instituto Tecnológico de Energia), uma investigação sobre a energia eólica; um campo que está no seu auge nos últimos anos face a outras energias alternativas, a qual poderia tornar-se uma solução.
Note-se que uma das principais desvantagens desta energia é o seu impacto paisagístico, pelo que, além de trabalharmos na função, trabalhamos também na forma. Intervém-se na projeção da infraestrutura em questão, propondo uma espécie de styling nas máquinas necessárias para reduzir o seu impacto visual. Recorre-se aos moinhos eólicos de eixo vertical como geradores de energia, utilizando os VAWT (Vertical Axis Wind Turbins) em série e desenhando uma estrutura que permita atingir a máxima altura e perímetro de superfície, com o mínimo volume. Esta técnica consiste em que o moinho eólico tenha capacidade de se integrar em meios urbanos, o que é muito benéfico, pois não é necessário transportar a energia desde parques eólicos afastados das cidades, que produzem um grande impacto ambiental. Não precisa de orientação do vento face aos moinhos de eixo horizontal, e exigem menos velocidade de vento para começar a girar.
Do ponto de vista arquitetónico, trata-se de um elemento que modifica a sua proporção dependendo do ponto de vista e da incidência da luz do sol, mostrando um elemento em constante evolução. Uma torre esculpida por e para o vento, fazendo referência às construções verticais nas quais algumas arquiteturas tradicionais domesticavam os ventos para refrescar os edifícios. A estrutura propõe em sistema de turbinas eólicas de eixo vertical que faz funcionar o edifício como um grande aerogerador.
Um edifício que evidencia a luz intensa e o vento forte para avaliar a visão positiva de uma sociedade que procura tirar partido dos elementos naturais do seu meio, podendo integrar os mesmos na cidade contemporânea. Provavelmente, uma atualização da cidade imaginada para o pavilhão de Futurama, na Feira de Nova Iorque de 1936, incluiria a integração de energias alternativas dentro da mesma.
A disposição das comunicações verticais e o facto de estarem unidas entre si dotam-no com um bom comportamento estrutural. O impulso do vento neutraliza-se sempre por um núcleo rígido, enquanto a orientação e a forma da geometria permitem transformar os ventos predominantes em energia. As turbinas eólicas de eixo vertical dispõem-se nas zonas curvas que unem os núcleos de comunicação. Tanto estes aerogeradores como os elevadores panorâmicos estão revestidos por uma envolvente metálica perfurada (deployée) que, ao ser permeável ao vento e às vistas, concedem à estrutura uma aparência monolítica. A construção realiza-se de forma evidente e simples graças à velocidade das cofragens trepantes que permite materializar o ícone branco num ambiente urbano.
Texto traduzido por Inês Veiga.