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O porquê de certificar a sustentabilidade (as razões dos arquitetos)

Centro de Inovação Norvento Enerxía, projeto da autoria de Francisco Mangado e certificado como BREEAM Excepcional.

Como arquitetos especializados no mundo da sustentabilidade, assessoramos habitualmente diferentes perfis de promotores ao avaliar a oportunidade e a viabilidade de implementar um certificado que destaque o caráter mais ou menos sustentável das suas promoções.

Neste contexto, tenho o costume de pôr em cima mesa as razões mais adequadas, de acordo com o caso em que os três atores principais, no início e na comercialização de um edifício, podem ser beneficiados por uma garantia fiável que certifique este aspeto da arquitetura de forma objetiva (como pode ser um selo de sustentabilidade, como Breeam, Leed, Well ou Verde). E, evidentemente, nenhum desses três protagonistas do cenário imobiliário é o arquiteto projetista ou o chefe de obra, mas sim as figuras do promotor, do proprietário e do inquilino.

Entretanto, ao mesmo tempo, tenho vindo a observar o que em princípio poderia ser paradoxal. Para desvendar a história que há por trás de alguns dos edifícios que hoje gozam o prestígio de ter uma destas preciosas medalhas, descubro que, com certa frequência, foi justamente a equipa de arquitetura que promoveu originalmente a implementação de uma certificação.

Porquê? Pregunto eu… E isto fazendo um saudável exercício de autocrítica, já que, como podem imaginar, é uma prática habitual no meu próprio atelier de arquitetura. Porquê defender em alguns casos a certificação sustentável dos nossos projetos de arquitetura? É por causa da mesquinhice de oferecer um serviço mais completo? É por defender os interesses dos nossos clientes? É para favorecer a viabilidade da promoção num mercado cada vez mais competitivo?

Porque todas essas razões são, de facto, muito louváveis, mas nem sempre é claro que, numa última análise, sejam positivas para os arquitetos autores do projeto, falando de um benefício mensurável ou de uma clara vantagem competitiva, pois envolve uma série de prós e contras e nem sempre a balança pende em favor da certificação.

Entre os prós, além do mais óbvio – o alinhamento com a construção sustentável –, para nós é a metodologia. A análise que implica a produção e justificação dos diferentes elementos de sustentabilidade do conjunto da intervenção nas suas categorias.

Para nós, que já partimos de uma base de conhecimento em design bioclimático e passivo e construção ecológica, aplicar os processos de certificação ajudou-nos a desenvolver uma visão mais holística. Também como pró, destacaria que o conhecimento das certificações como uma via mais de diferenciação no mercado na era da hiperespecialização. Isto permite-nos a versatilidade de nos integrarmos em equipas de trabalho complexas e noutra escala, adotando papéis diferentes aos habituais na direção de projetos arquitetónicos dentro do nosso próprio atelier profissional.

Entre os contras, é evidentemente um esforço adicional. Esforço para investir em consultores externos, a não ser que a tua empresa possa manter os ordenados dos diferentes especialistas necessários. Por outro lado, embora o papel da equipa técnica e de design esteja diferenciado do assessor que gere a certificação, é difícil conceber uma intervenção que aspire a ser certificada se te preocupaste previamente em entender e saber que aspetos serão valorizados, com os seus porquês e seus comos. Portanto, é inevitável algum investimento em formação, ainda que seja apenas em horas do teu tempo. E o maior contra de todos, que acaba por ser o peso pesado de toda essa disquisição: a realidade é que este esforço adicional não valoriza mais o teu trabalho no mercado.

Ter conhecimento e experiência para desenvolver projetos e obras que aspiram a obter uma certificação é parte do teu valor adicional como uma empresa de arquitetura, é um elemento mais que te ajuda a posicionar-te e a diferenciar-te. Nem mais, nem menos…

Como podem ver, do ponto de vista da equipa técnica, adicionar a capa de complexidade de um processo de certificação não é um caminho de rosas. É, portanto, uma opção para pensar pouco a pouco, tendo em conta os prós e contras de cada caso e, acima de tudo, tentando terceirizar o máximo possível os passos mais específicos do processo de trabalho, colaborando lado a lado com consultores e especialistas com a experiência apropriada.

Por:
- Luis Llopis i Eva Chacón - @luisbonsai, arquitecto ETSAM 1992: Tengo varios másteres y bla, bla. Me apasiona la arquitectura de Fallingwater, viajar tomando apuntes en mi cuaderno de dibujo, y desconectar sumergiéndome en el mundo submarino. @evabonsai, arquitecta ETSAG, 2006: Yo también tengo másteres, doctorado, etc. Soy curiosa por naturaleza, amante de la 'cocina' arquitectónica y la buena música. Si no me encuentras, búscame subida a alguna cubierta, árbol o montaña con buenas vistas. Nos vemos en las redes y en www.bonsaiarquitectos.es

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