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joan vergara

Arquiteto especializado ou generalista? Mais madeira

© Jon Tyson em Unsplash

Há umas semanas atrás li este post de Brijuni Arquitectos sobre a disjuntiva do arquiteto multidisciplinar ou especializado no mercado laboral, post com o qual eu concordo, e lembrei-me de aportar o meu grãozinho de areia da minha experiência.

A minha atividade no mercado de trabalho para arquitetos orienta-se em duas direções:

  1. Como headhunter; empresas e ateliers pedem-me que encontre candidatos ótimos para postos concretos.
  2. Como assessor; ajudo colegas arquitetos a conseguir emprego no sector.

Nos últimos anos trabalhei em bastantes casos, e a decisão entre especializado/generalista aparece constantemente.

 

O que é que me pedem enquanto headhunter?

Quase sempre perfis especializados. De certa forma, é normal, já que as empresas me contactam quando estão à procura de um perfil complicado de encontrar. Para procurar um arquiteto generalista normalmente não contactam um headhunter (há muitos arquitetos generalistas em Espanha).

Mas, ademais, normalmente não procuram um generalista. Procuram os melhores para posições e funções específicas, e estes, por norma, são os que geralmente mais se especializaram.

90% dos processos que realizei iam nesta linha.

Lembro-me de um caso onde me pediram um arquiteto especializado em algo tão específico que me custou muito encontrar candidatos. Só consegui dois. A arquiteta que, ao final, foi a eleita conseguiu uma posição muito interessante e uma retribuição muito boa, apesar de ser júnior.

Ela aprofundou bastante num tema muito específico e coincidiu com uma necessidade do mercado. Acertou em cheio no alvo.

 

As minhas experiências como assessor de arquitetos

Quando trabalho para ajudar os meus colegas a conseguir um emprego, o meu discurso é mais ou menos o mesmo.

Aqueles que conseguiram fazê-lo mais rapidamente e aqueles que acabaram nas melhores posições são aqueles com os perfis mais especializados.

É possível conseguir trabalho em Espanha sendo um arquiteto generalista? Claro, mas custa mais (é mais difícil fazer a diferença) e a retribuição normalmente é mais alta (valoriza-se mais o que escasseia).

O multiface está mais procurado em micro-ateliers, que são precisamente a forma organizacional que tem menos futuro na profissão. Aliás, os micro-ateliers que prosperam serão, provavelmente, aqueles que mais se especializem.

 

O que é que significa ser um arquiteto especializado?

Não há uma definição exata para isto.

Podemos estar a falar de alguém muito especializado (por exemplo, um arquiteto que sabe sobre análise de dados para edifícios comerciais) ou simplesmente especializado (por exemplo, em arquitetura hospitalar).

Pode ser numa tipologia arquitetónica (escolas, auditórios), em metodologias de gestão (Lean Construction, BIM Manager), em tecnologia (smart buildings, domótica), em funções específicas (relacionamento com clientes, desenvolvimento de negócios)…

Há muitas opções. O essencial é que o caminho de especialização que se escolha tenha procura no mercado e responda às necessidades de um grupo suficientemente grande de empregadores.

E, obviamente, especializar-se não significa pôr-se um título ou fazer um mestrado (que também seria uma opção), significa ter conhecimentos e uma experiência realmente profundos sobre uma área específica e manter-se atualizado.

Estar sempre a par da atualidade do tema em questão e saber como aplicá-lo para resolver problemas específicos. Ao final, é isto que interessa a quem tem a possibilidade de o contratar.

 

Conclusão

Especializar-se ajudará sempre caso se esteja à procura de emprego como arquiteto. Isto não significa que não seja possível caso não se faça, mas é mais difícil. Vai contra a conceção da profissão nos nossos países e contra o que nos foi ensinado na escola, até contra do que às vezes mais gostamos, mas funciona. Vejo-o diariamente.  Mas, como sempre, é uma decisão pessoal. Mas, como mínimo, vale a pena pensar nisso.

Por:
Arquitecto, consultor y coach. Cerebro muy amarillo. Wagneriano y fanático del rugby y el Taichí. Ayudando desde ARQcoaching a profesionales de la arquitectura a conseguir más y mejores encargos o un empleo y a gestionar su trabajo con efectividad.

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