Na entrevista Vivir Primitivo, quando perguntaram ao arquiteto japonês Sou Fujimoto sobre temas recorrentes na sua obra, como a relação entre o corpo e o espaço, e sobre termos japoneses como o onigiri, que estão relacionados com a complexidade das suas propostas, afirma: gosto da complexidade do mundo. Gosto da complexidade das nossas vidas, portanto, gosto de fazer um tipo de arquitetura que inspira a experiência de situações cada vez mais complexas e inesperadas, e não de simplificar as situações. Sim, para criar experiências originais, autênticas.
Para Fujimoto, a complexidade está relacionada com experiências ricas, originais e autênticas. Nas suas palavras: aquilo que gostaríamos que acontecesse, nunca acontece. A arquitetura, na sua complexidade, serve de inspiração dessas situações imprevisíveis, facilitadoras de experiências nas nossas vidas.
Interessa-me especialmente quando esta relação entre arquitetura, complexidade, situações e experiência se aplica nos ecossistemas de trabalho. A experiência do trabalhador está no epicentro deste ecossistema, composto por três vértices: espaço, tecnologia e pessoas. Quando se proporciona ao empregado uma experiência rica, esta tem um impacto objetivo e quantificável na melhora do seu bem-estar e produtividade.
Mas então, porque é que a experiência do empregado é tão importante, e como é que nós, arquitetos, podemos contribuir? Há três fatores chave que aumentaram o nível de importância da experiência do empregado.
Em primeiro lugar, muitas empresas operam atualmente em setores onde existe uma guerra pelo talento. A necessidade de habilidades altamente especializadas não é compensada apenas por um salário adequado, como é o caso dos pilotos de avião e dos controladores de tráfego aéreo, e é cada vez mais difícil para muitos empregadores atrair e reter talentos.
O segundo fator é o uso de sites ou aplicações como o LinkedIn, que permitem que o trabalhador avalie a empresa que está a considerar. O processo de recrutamento impregna-se de uma certa sensação de consumismo. Assim como os consumidores comparam entre um grande número de marcas com base nos comentários dos que acedem digitalmente, muitas pessoas parecem usar recursos online para comparar entre potenciais entidades patronais e decidem continuar com as empresas que oferecem o tipo de experiência que procuram.
Terceiro, como revelam alguns relatórios, os empregados tendem a mudar de trabalho com mais frequência: a entidade patronal deve proporcionar o desenvolvimento de maneira mais rápida, mudar as pessoas mais regularmente, proporcionar ciclos contínuos de promoção e dar aos empregados mais ferramentas para administrarem as suas próprias carreiras. Adotar a experiência do empregado no plano estratégico de empresa permite orientarem-se às diferentes necessidades e expectativas dos funcionários.
Em relação ao papel da arquitetura e dos arquitetos na experiência do empregado, o meio físico proporcionado para realizar tarefas repercute na produtividade e no bem-estar dos trabalhadores. A arquitetura atua como catalisador de situações que tornam a vida quotidiana uma experiência agradável. Não é uma questão de dar receitas, como afirmar que o espaço aberto prejudica a colaboração entre as pessoas, mas propor um ecossistema complexo, original e autêntico, capaz de se adaptar à realidade de cada empresa.
O impacto na melhora da experiência do empregado é objetivo e quantificável, tal como demonstram estudos científicos. Desta forma, é possível calcular o retorno de investir na criação de um ecossistema de trabalho excelente, que inspire situações imprevisíveis que potenciam ao máximo a experiência do empregado, valorizando assim o papel que a arquitetura desempenha nesta equação, em toda a sua complexidade.
Texto traduzido por Inês Veiga