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Para mais informações sobre os conteúdos desta exposição e o seu catálogo.

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Nos últimos anos, uma exposição louvou o trabalho de Carmen Ayala como parte da história deste conjunto património industrial do século XX e cuja primeira maquete o Ministério da Cultura tentava recuperar.

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Cabe destacar iniciativas que incrementam a acessibilidade a este tipo de conteúdos como o site Un día, una arquitecta.

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É um excelente compêndio para iniciar-se na historiografia da arquitetura, urbanismo e design a partir da perspetiva de género, com inúmeras referências sobre as quais aprofundar. Muxí, Z. (2018) Mujeres, Casas y Ciudades, DPR-Barcelona.

 

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Questão amplamente discutida neste blog; cabe mencionar novamente Zaida Muxí na sua última intervenção no mesmo pela pertinência do tema debatido «No tenemos referentes. No ha habido mujeres en arquitectura», Blog Fundación Arquia, dezembro 2018.

Elas e a indústria: contribuições para o design, a arquitetura e a organização espacial

Estudos de movimentos de trabalhadores realizados por Lillian Moller e o seu marido Frank Gilbreth em 1915. Fonte: Centro Kheel, Biblioteca Catherwood, Universidade Cornell.

Lembro-me de que, há uns dois anos atrás, ao visitar a exposição “Câmara e Modelo. Fotografia de maquetes de arquitetura de Espanha, 1925-1970” que teve lugar no Museu ICO1, me chamou muito a atenção uma das imagens. Nela posava Carmen Ayala, a primeira maquetista da instalação siderúrgica ENSIDESA de Avilés, com uma das suas reproduções para a empresa2. Entre todos os autores mencionados na exposição, tanto arquitetos como fotógrafos, a imagem de Carmen e a sua ligação profissional ao setor industrial despertou a minha curiosidade para com o objetivo. Este não foi outro senão a revisão das recentes historiografias da arquitetura e do urbanismo focadas na perspetiva de género, com o propósito de aprofundar o protagonismo até agora negado daquelas arquitetas, engenheiras e designers com importantes contribuições para a indústria e o design do início do século XX. Um protagonismo merecido e sem dúvida interessante como objeto de estudo, já que determinaram em parte os rumos de uma cultura recente que o nosso tempo estuda e divulga como património historicamente próximo.

Como acontece em muitas outras disciplinas e campos de estudo, a perspetiva de género permite-nos redescobrir a importância do papel de muitas profissionais e pensadoras que até agora não tinham o reconhecimento apropriado3, e para tal contribui uma extensa bibliografia entre as quais se destaca a recente publicação de Zaida Muxí “Mulheres, Casas e Cidades”4. Nela está recopilado o trabalho de algumas destas profissionais que contribuíram para a construção do mundo industrial do séc. XX a partir de diferentes disciplinas e cujo trabalho merece um profundo estudo que ainda está nos seus inícios5.

Neste sentido, devem ser mencionadas figuras como Louise Blanchard Bethune, a primeira arquiteta reconhecida como tal pelo American Institute of Architects em 1888. Entre cuja prolífica obra se encontram conjuntos fabris, como o Iroquois Door Company, ou a fábrica Lumber em Buffalo, com um notável orçamento à altura de arquiteturas concebidas por outros colegas do sexo masculino, como Albert Kahn. O Design também foi muito relevante no trabalho de mulheres arquitetas e engenheiras da época, muitas vezes ocultas na sombra dos seus parceiros, como Aino Aalto ou Lilly Reich, e cujos projetos produziam objetos criativos, bonitos e concebidos de acordo com a economia da sua fabricação. Noutros âmbitos, também corresponde ao trabalho de Lillian Moller com o seu marido Frank Gilbreth, o pioneiro estudo dos movimentos dos trabalhadores no seu espaço de trabalho, com o objetivo de racionalizar e otimizar a sua organização, um campo que seria amplamente desenvolvido em todo o país no séc. XX com outras derivações do design, como a ergonomia do mobiliário.

Deparamo-nos, sem dúvida, perante o estudo de um amplo campo que tem o seu interesse atual desde o desconhecimento e o esquecimento a que foram submetidas as contribuições destas profissionais em vários aspetos do mundo industrial. Hoje, não só são contempladas desde o merecido lugar na história da arquitetura, da engenharia e do design, mas também como contribuições relevantes para a cultura do séc. XX e, portanto, partes da patrimonialização que são objeto tanto os elementos industriais como os seus aspetos intangíveis. Um caminho que se percorre atualmente a partir da reivindicação, mas com a certeza de que, em tempos futuros não tão distantes, esta questão se debata finalmente desde um nível igualitário.


Texto traduzido por Inês Veiga.
Notas de página
1

Para mais informações sobre os conteúdos desta exposição e o seu catálogo.

2

Nos últimos anos, uma exposição louvou o trabalho de Carmen Ayala como parte da história deste conjunto património industrial do século XX e cuja primeira maquete o Ministério da Cultura tentava recuperar.

3

Cabe destacar iniciativas que incrementam a acessibilidade a este tipo de conteúdos como o site Un día, una arquitecta.

4

É um excelente compêndio para iniciar-se na historiografia da arquitetura, urbanismo e design a partir da perspetiva de género, com inúmeras referências sobre as quais aprofundar. Muxí, Z. (2018) Mujeres, Casas y Ciudades, DPR-Barcelona.

 

5

Questão amplamente discutida neste blog; cabe mencionar novamente Zaida Muxí na sua última intervenção no mesmo pela pertinência do tema debatido «No tenemos referentes. No ha habido mujeres en arquitectura», Blog Fundación Arquia, dezembro 2018.

Por:
(Gijón, 1984) Doctora Arquitecta formada en la Universidad Politécnica de Madrid, la Universidade da Coruña y la Università degli Studi di Ferrara, desarrolla su actividad como investigadora en la ETSAM-UPM en el ámbito del patrimonio cultural. Colaboradora habitual y miembro de INCUNA y TICCIH-España, su actividad más relevante se centra en el estudio y difusión del patrimonio industrial arquitectónico.

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