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Conceito extraído de ALEXANDER, C. / ISHIKAWA, S. / SILVERSTEIN, M. A pattern language / Un lenguaje de patrones (Uma linguagem de padrões). Ciudades. Edifícios. Construcciones, Editorial Gustavo Gili, Barcelona (1980) .

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Íbid., pág. 580.

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Conceito extraído da Tese de Doutoramento de DE BENITO, A. “La infancia en casa. La transformación de los dispositivos espaciales domésticos vinculados a la niñez desde la Edad Media hasta la actualidad”, ETSAM, 2018.

Até ao meu quarto e mais além!

Vista desde a varanda do quarto a… Fotógrafo: René Burri, 1959.

Tudo vai conforme o previsto. Uns bandidos assaltaram um comboio de mercadorias. Dois cowboys tentam intercetá-los. Os bandidos sorriem: contavam com isto. Apertam um botão e uma ponte localizada a vários metros voa pelos ares. O cowboy tenta travar o comboio desde a locomotiva. É demasiado tarde. O comboio cai. Silêncio. Um clarão. O comboio emerge, conduzido por um guardião do espaço com asas para voar. A manobra deu tempo aos bandidos para escaparem, mas o guardião apanha-os. E, como se não bastasse, aparece um dinossauro. Não tem como escapar.

De certeza que o início parecia um filme do faroeste, até a personagem galáctica aparecer na cena. É nesse momento que começamos a suspeitar de alguma coisa. É uma história inventada por Andrés, um menino que utiliza os seus brinquedos – cowboys, comboios, um tiranossauro de borracha e um Mr. Potat o– e a sua imaginação para brincar no seu quarto.

O SEU quarto: Um lugar para dormir, brincar, ler e convidar amigos. Seria tentador se não fosse, porque:

Andrés não pode brincar às escondidas com o seu irmão mais novo. Os desníveis do seu quarto – uma cama e uma escrevaninha – são invariáveis no tempo e não os pode usar como ferramentas para brincar, para modificar o espaço vezes sem conta. Não pode pintar as paredes brancas do seu quarto, que para ele são tão aborrecidas, e ainda por cima o chão é frio e duro. O Andrés também não pode brincar na sala de estar porque há quase sempre uma “reunião de mais velhos”. O problema não é do Andrés. Nem dos seus pais. O problema é que quarto foi construído sem pensar no Andrés. Considerou-se como se fosse mais um adulto, e foi-lhe destinado um espaço incluso menor que o necessário para o desenvolvimento de um adulto. Há algo que não está bem.

O mundo da criança não pode ser só um espaço ou quarto no âmbito doméstico, mas um «contínuo de espaços»1 como Christopher Alexander propôs: «a superfície ao ar livre da sua casa onde convidar amigos, o espaço interior para brincar, o espaço privado em casa onde estar sozinho ou com um amigo, a casa de banho, a cozinha onde está a sua mãe, a sala de estar onde está o resto da família. Tudo isto é, para a criança, um mundo único, o seu mundo».2

O DOMINIO DAS CRIANÇAS, croquis extraído de Uma Linguagem de Padrões. Cidades. Edifícios. Construções de Alexander / Ishikawa / Silverstein

O «espaço contínuo de jogo»3 no âmbito doméstico exige uma mudança a ter em conta na organização da casa, projetada até agora mediante divisões hierarquizadas e independentes. O espaço de jogo já não é o quarto infantil. Multiplicou-se e expandiu-se dentro do espaço doméstico: é um percurso. E não pode ser homogéneo: deve ter guaridas que as crianças vejam como espaço à sua medida, onde podem esconder-se ou contar segredos; lugares flexíveis que podem transformar no tempo e ser mobiliário, armazenagem, desníveis… ou tudo ao mesmo tempo!

Um «contínuo de espaços» que entusiasme a brincadeira de Andrés, que permita criar novas aventuras para os seus brinquedos. Ou melhor ainda: onde Andrés possa ser o cowboy Woody, que trepa pelas montanhas do Oeste e da captura dos bandidos com ajuda do seu irmão mais novo, o capitão Buzz.


Texto traduzido por Inês Veiga.
Notas de página
1

Conceito extraído de ALEXANDER, C. / ISHIKAWA, S. / SILVERSTEIN, M. A pattern language / Un lenguaje de patrones (Uma linguagem de padrões). Ciudades. Edifícios. Construcciones, Editorial Gustavo Gili, Barcelona (1980) .

2

Íbid., pág. 580.

3

Conceito extraído da Tese de Doutoramento de DE BENITO, A. “La infancia en casa. La transformación de los dispositivos espaciales domésticos vinculados a la niñez desde la Edad Media hasta la actualidad”, ETSAM, 2018.

Por:
Arquitecta por la ETSAS (2017). Su proyecto final de carrera Paisajes Domésticos: sobre la arquitectura, lo social y el juego ha sido seleccionado en la Bienal de Venecia 2018. Creatividad, ganas e ilusión por mejorar cada día son características que la definen. Actualmente estudia el Máster de Diseño de Instalaciones en Arquitectura y Eficiencia Energética.

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