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Mais informação sobre o conteúdo do seminário em: ProgramaNota de prensa e Entrevista a Sennett no blog Del Tirador a la Ciudad

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Saskia Sassen: “The Global City: Nova Iorque, Londres, Tóquio” (Princeton, 1991)

Juntar-se… Quem?

Nos passados dias 4, 5 e 6 de março, no Palácio de Cibeles de Madrid, realizou-se o Seminário “Juntarse/ToGather, arquitectura, urbanismo y paisaje para criar comunidades”1.

O evento foi organizado pela Câmara de Madrid como parte do Programa Soledades Urbanas, cujo objetivo é aprofundar a consideração de Madrid como “cidade dos cidadãos” e “capital mundial contra a solidão”.

Nas intensas sessões temáticas do seminário, expuseram-se ideias e experiências muito variadas que exploram soluções para combater a solidão das pessoas e promover a “cultura do cuidado” em diferentes escalas, atendendo desde o detalhe urbanístico, arquitetónico e programático ao governo das cidades. Nós, os que tivemos o prazer de assistir e participar, desfrutamos das intervenções de gestores, designers e pensadores, entre os quais se encontravam Myriam Heredia, Enric Batlle, Richard Sennett, Saskia Sassen, José María Ezquiaga, Teresa Gali-Izard, Asger H Christensen de Snoetta, Kjetil Thorsen, Álvaro Ardura, Carmen Espegel, Atxu Amann, Claudia Thiesen, Carles Baiges de Lacol, Iñaki Alonso de sAtt, Katharina Bayer de Einszueing Architektur, Ana Fernández de Cohousing_LAB, Rogelio Ruiz de eCohousing ou David Gianotten de OMA.

A mesa redonda na qual tive o prazer de participar com Francisco López Barquero, Gaspar Mayor Pascual, Jaime Moreno e Daniel Fábregas versou sobre uma poderosa afirmação: “Partilhar para viver melhor”. Isto fez com que, nos dias imediatamente anteriores, me rondasse insistentemente uma pergunta na minha cabeça:

A quem incluímos no “nós” quando falamos de “juntar-se”?

Saskia Sassen defende que a construção de um futuro sustentável depende do fortalecimento da cidadania a escala local, que compense o domínio da cidade global2.

A arquitetura e as cidades do séc. XXI pedem-nos espaços com o dobro da capacidade de cobrir as necessidades das pessoas na sua dimensão mais íntima e individual – tal como defendem brilhantemente Atxu Amann e Carmen Espegel –, e, ao mesmo tempo, que brindem a oportunidade de conviver, associar-se e expandir-se facilitando a criação desses laços relacionais que nos fazem menos manipuláveis e, portanto, mais fortes como sociedade.

No fórum, tivemos oportunidade de receber o testemunho de uma avassaladora diversidade de experiências habitacionais e de design urbano, reabilitação e regeneração de bairros, naturalização urbana, cooperativas habitacionais e cohousing em Suíça, Suécia, Holanda, França, Espanha (Madrid, Barcelona) …

Se há coisa que todas estas experiências têm em comum é que a arquitetura surge como resposta à construção de um “Nós”.

A questão é a seguinte: trata-se de um “Nós” realmente inclusivo ou existe um risco de rutura social? Estaremos simplesmente a pôr toda a ênfase no reconhecimento do outro através do olhar entre semelhantes, ou vamos mais longe, permitindo que aconteça uma maior riqueza relacional e, consequentemente, espacialmente?

Desde o Laboratorio de Espacios Intergeneracionales (EiG_lab) defendemos que quando um projeto está feito e programado para fomentar que pessoas de diferentes faixas etárias e itinerários de vida tenham a oportunidade de se cruzar, de conviver, de encontrar lugares comuns e entrar em sinergia; é ao enriquecer esse “Nós” que o conceito de ”cidade dos cuidados” deixa de ter um caráter marcadamente assistencial e se ativa uma dimensão necessária: a intergeracionalidade.

Como declarado por Richard Sennet na sua intervenção: “a complexidade, no sentido de muitas possibilidades, é a essência da cidade”. Centremo-nos em soluções arquitetónicas que considerem as pessoas e as cidades, em toda a sua complexidade.

Notas de página
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Mais informação sobre o conteúdo do seminário em: ProgramaNota de prensa e Entrevista a Sennett no blog Del Tirador a la Ciudad

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Saskia Sassen: “The Global City: Nova Iorque, Londres, Tóquio” (Princeton, 1991)

Por:
- Luis Llopis i Eva Chacón - @luisbonsai, arquitecto ETSAM 1992: Tengo varios másteres y bla, bla. Me apasiona la arquitectura de Fallingwater, viajar tomando apuntes en mi cuaderno de dibujo, y desconectar sumergiéndome en el mundo submarino. @evabonsai, arquitecta ETSAG, 2006: Yo también tengo másteres, doctorado, etc. Soy curiosa por naturaleza, amante de la 'cocina' arquitectónica y la buena música. Si no me encuentras, búscame subida a alguna cubierta, árbol o montaña con buenas vistas. Nos vemos en las redes y en www.bonsaiarquitectos.es

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