1

Em concreto, o “Objetivo 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis”. Ver mais informação em https://www.un.org/sustainabledevelopment/es/cities/ (acesso a 30-12-2018).

2

O artigo de Mark Alan Hewitt “Why Reusing Buildings Should – and Must – be the Next Big Thing” em ArchDaily aprofunda sobre esta questão. Disponível em https://www.archdaily.com/909863/why-reusing-buildings-should-and-must-be-the-next-big-thing?utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter (acesso a 22-01-2019).

3

Com carácter geral, no âmbito da arquitetura e do urbanismo, a leitura de “Cuatro ingredientes para la innovación urbana” de Paisaje Transversal é muito interessante, e está disponível em https://blogfundacion.arquia.es/2018/05/cuatro-ingredientes-para-la-innovacion-urbana/ (acesso a 20-11-2018)

4

LÓPEZ ARRAIZA, S. y RUIZ ALLÉN, N. (2015) Aprendiendo de las Cuencas. Hacia una puesta en valor del paisaje cultural de las Cuencas Mineras Asturianas, Oviedo: Sara López Arraiza & Nacho Ruiz Allén (eds.).

2030: o papel do património industrial nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Antiga coqueria Hansa em Dortmund, Alemanha (2018). Fotografia da autora

O panorama aberto pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU dentro da sua Agenda 2030 permite estabelecer uma abordagem específica nos trabalhos realizados em diferentes âmbitos disciplinares. No campo da arquitetura e do urbanismo, os objetivos visam promover a inclusão, a segurança e a resiliência das cidades e das suas infraestruturas1.   Dentro desta aspiração geral, é oportuna uma reflexão particular sobre o papel do património industrial como fator de coesão do território e da oportunidade que a sua conservação e reutilização representa na construção de cidades e territórios mais resilientes2. Nesse sentido, vale a pena refletir sobre aspetos como a evolução da paisagem, a reutilização de infraestrutura e conjuntos fabris, ou até mesmo sobre as experiências derivadas da memória do trabalho que compõem um legado cultural intangível do passado imediato de um lugar determinado. De facto, este crescente interesse pelo impacto do desenvolvimento sustentável e pela resiliência dos territórios refletiu-se no tema de importantes eventos sobre património industrial, como as últimas edições das Jornadas Internacionales de Patrimonio Industrial (Jornadas Internacionais de Património Industrial) INCUNA ou do Congreso de Patrimonio Industrial y Obra Pública (Congresso de Património Industrial e Obras Públicas) de TICCIH-Espanha.

A própria conservação de vestígios patrimoniais como espaços que dão lugar às dinâmicas da sociedade atual é um ato de sustentabilidade no aproveitamento e reciclagem do preexistente face às abordagens de intervenção baseadas na premissa da tabula rasa. A consideração do património industrial nestes termos apresenta uma série de desafios sobre o seu tratamento em relação à sua proximidade histórica – e, portanto, à abundância de vestígios –, à complexidade de escalas que aborda – desde a territorial à urbana –, a especificidade das suas estruturas e espaços ligados à lógica produtiva e, por último, o seu escasso reconhecimento por parte da sociedade, mesmo após décadas de investigação e difusão sobre os seus valores culturais e técnicos e a sua importância na história recente.

Em relação ao papel do património industrial na consecução de um meio mais sustentável, resiliente e inclusivo, vale a pena ressaltar vários aspetos essenciais3. Em primeiro lugar, destaca o estudo e a significação que o vestígio industrial tenha no seu contexto particular, como parte da identidade de um lugar e da dinamização do mesmo à interrupção da atividade produtiva. Em segundo lugar, é necessária a consideração da realidade social atual na sua convivência com os vestígios industriais em torno de uma preservação mais inteligente e sustentável. Neste sentido, é interessante relembrar as reflexões da investigação Aprendiendo de las Cuencas4 na qual se evidencia a revitalização dos elementos industriais nas intervenções espontâneas da população local. Por último, vale a pena ressaltar a importância da consideração meio-ambiental na contribuição do património industrial à consecução de um desenvolvimento sustentável no seu enclave concreto, não só desde o ponto de vista estratégico, mas das práticas concretas que requere a reconversão do uso dos elementos industriais.

Adquiriu o património industrial um significado que supera o seu sentido estético ou testemunhal dos seus valores histórico-culturais? À luz de estratégias e estudos recentes, estes vestígios convertem-se em elemento nuclear da ordem temporal e espacial de um território que soma camadas de memória na sua conformação. Isso conduz à compreensão do património industrial através da mudança de perceção das passadas décadas, de um elemento icónico ou singular em si, à sua leitura em termos paisagísticos a nível territorial, como ligação de elementos e processos numa escala complexa através da intervenção nestes vestígios industriais e a sua vinculação com os processos de desenvolvimento sustentável do território. Merece uma consideração, portanto, que aprofunde nas suas qualidades intrínsecas e no qual sua conservação e reutilização pode contribuir para a conformação de cidades e territórios mais resilientes no séc. XXI.

 

Notas de página
1

Em concreto, o “Objetivo 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis”. Ver mais informação em https://www.un.org/sustainabledevelopment/es/cities/ (acesso a 30-12-2018).

2

O artigo de Mark Alan Hewitt “Why Reusing Buildings Should – and Must – be the Next Big Thing” em ArchDaily aprofunda sobre esta questão. Disponível em https://www.archdaily.com/909863/why-reusing-buildings-should-and-must-be-the-next-big-thing?utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter (acesso a 22-01-2019).

3

Com carácter geral, no âmbito da arquitetura e do urbanismo, a leitura de “Cuatro ingredientes para la innovación urbana” de Paisaje Transversal é muito interessante, e está disponível em https://blogfundacion.arquia.es/2018/05/cuatro-ingredientes-para-la-innovacion-urbana/ (acesso a 20-11-2018)

4

LÓPEZ ARRAIZA, S. y RUIZ ALLÉN, N. (2015) Aprendiendo de las Cuencas. Hacia una puesta en valor del paisaje cultural de las Cuencas Mineras Asturianas, Oviedo: Sara López Arraiza & Nacho Ruiz Allén (eds.).

Por:
(Gijón, 1984) Doctora Arquitecta formada en la Universidad Politécnica de Madrid, la Universidade da Coruña y la Università degli Studi di Ferrara, desarrolla su actividad como investigadora en la ETSAM-UPM en el ámbito del patrimonio cultural. Colaboradora habitual y miembro de INCUNA y TICCIH-España, su actividad más relevante se centra en el estudio y difusión del patrimonio industrial arquitectónico.

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