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Serie Playgrounds, de James Mollison sobre patios escolares en distintas ciudades del mundo.
A arquitetura muitas vezes trata conceitos que vão além do objeto construído. É o que acontece com os edifícios escolares, imaginados por alguns arquitetos não só como equipamentos públicos, mas também como peças que contêm a ideia de cidade.
Em 1951, Hans Scharoun explorava as relações do homem com o espaço através do projeto de uma escola primária em Darmstand dentro de um evento, o Darmstädter Gespräch,1 cujo objetivo era situar o ser humano como medida mais importante do trabalho arquitetónico. Scharoun tinha um interesse neste programa escolar porque representava “uma pequena cidade na qual a democracia, como princípio universal, deveria realizar-se”. Recentemente, Herman Hertzberger, autor da conhecida escola Montessori de Delft e importante pensador do espaço educativo, afirmava que para falar do que é público, a escola é o melhor exemplo. Transcrevendo as suas palavras: “O edifício escolar é uma espécie de urbanismo e, basicamente, o que eu faço é arquitetura urbanística”.2
A visão urbana da escola abre uma nova perspetiva dos seus espaços, reinterpretados à luz do coletivo. Se a escola é uma cidade, o pátio escolar é uma praça e, portanto, um dos espaços públicos, mas importantes e formativos da nossa infância. Neste lugar de encontros, frequentemente tratado de forma residual, o companheirismo, a convivência, a solidariedade ou a igualdade são os tópicos de aprendizagem e têm lugar fora da aula, sem livros nem professores. Este é o ponto de vista que o fotógrafo James Mollison escolheu para a sua série Playgrounds, um conjunto de imagens tiradas em diferentes cidades do mundo, que releva a riqueza das relações sociais que acontecem no breve período de tempo de um recreio.
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Serie Playgrounds, de James Mollison sobre patios escolares en distintas ciudades del mundo.
Se adicionamos ao anterior escrito a visão do pedagogo Loris Malaguzzi, que afirma que “o espaço é o terceiro professor”, não deveríamos, então, projetar com especial atenção este espaço dado que é aqui onde as primeiras lições sobre valores sociais e ambientais do “habitar” têm lugar? Não antecipará a qualidade do mesmo o que exigiremos dos espaços públicos da nossa cidade como adultos?
A dimensão urbana do pátio torna-se especialmente visível através de alguns projetos concretos que atenuam os limites entre a cidade e a escola. Um deles é a abertura dos pátios escolares ao bairro fora do horário letivo e, também de forma inversa, o uso das praças como espaço de recreio em escolas que não dispõem de muitas áreas de jogos no exterior. Simultaneamente, implantam-se estratégias de participação cidadã, normalmente aplicadas em projetos de escala urbana, nas escolas como uma ferramenta eficaz para a construção coletiva. Nestas intervêm arquitetos para assessorar de maneira profissional ou, inclusive, para o desenvolvimento e realização de workshops educativos para os alunos.
Se o pátio escolar é o primeiro espaço público da nossa infância, deveríamos fazer de tudo para que este fosse o melhor modelo possível, não esquecendo nunca que o seu desenho deve incluir as formas específicas nas que as crianças e os adolescentes estabelecem as suas relações. Talvez esta seja uma forma de exigir e melhorar, também, os espaços comuns das nossas cidades do futuro, já que, como diria Karl A. Meninger: “O que dermos hoje às crianças, as crianças darão no futuro à sociedade”.
Texto traduzido por Inês Veiga