O aparecimento da Internet e do WWW levaram ao início de uma luta: o papel, meio de divulgação arquitetónica por excelência, entre em combate com a web, mais jovem, ágil e dinâmica.
Entramos com esta revolução numa frase que tem mais a ver com códigos de programação que com gramagens e formados físicos, e que, como tudo o que inicia, começou de forma entorpecida e dubitativa. As primeiras “revistas digitais” esforçaram-se por recriar uma publicação em papel num software eletrónico, num alegado ato “pseudo-romântico”, de forma a manter o que caracterizava o anterior formato. Mas, se a estrutura varia, a forma também se altera, correto? Parece uma questão aplicável à mesmíssima arquitetura.
O seu naufrágio era iminente, uma ideia que nasceu moribunda como demonstrado pelos seus herdeiros, os blogs de arquitetura. Estes consolidam-se após o entendimento, por parte de editoras e revistas, da imperativa necessidade de migrar o seu conteúdo para a nova plataforma digital.
Esta situação fica definida e situada num período de 20 anos – que falam da viragem do século e da revolução digital – com dois projetos editoriais do estúdio holandês OMA.
Em 1995, e após cinco anos de trabalho, é publicada a ‘Small, Medium, Large, Extra-Large’, definida na sua contracapa como uma “massiva novela sobre arquitetura”. Esta publicação é um manifesto em si mesma, não só arquitetónico, mas também editorial. Explora e aproveita todas as vias de uma publicação em papel, oferecendo não apenas o produto, mas também o processo; croquis feitos à mão, reflexões ou projetos não construídos.
OMA publica, vinte anos depois, em 2015, o seu novo site. Uma vez mais, e de forma habitual, os recursos associados à nova estrutura são explorados e aproveitados com picardia e astúcia, introduzindo agora o que poderia conduzir a uma segunda revolução na difusão da arquitetura: a inclusão do utilizador na narrativa arquitetónica. A participação.
Na notícia publicada no dia 15 de setembro de 2015, por ocasião do lançamento, apresentam a plataforma como aquela que,” através da modelação de dados internos e da adoção de informações externas, funciona como um sensor omnívoro, que rastreia os projetos de OMA desde a sua conceção até à sua pós-ocupação”.
Uma informação externa que vai desde artigos dos anteriormente mencionados blogs de arquitetura e jornais generalistas à aparição de fotografias extraídas da rede social Instagram. É precisamente isto o que resulta mais interessante na sua apresentação: o aparecimento da pós-ocupação no discurso arquitetónico e a contínua revalorização do visual na web.
A cultura da imagem encontrou na internet, na sua velocidade e na sua grande difusão o maior aliado para a sua definitiva expressão. As redes sociais são o golpe mortal e definitivo com o qual realizar um já anunciado xeque-mate à difusão tradicional. O Instagram permite-nos viajar sentados no sofá, e incluso oferecer ao mundo a nossa visão sobre a arquitetura por nós visitada. Mas o que é que aconteceu ao fotógrafo profissional durante este processo? E o arquiteto? Converteu-se em editor de conteúdos? E, com a chegada da web, qual é o papel do papel?
Texto traduzido por Inês Veiga.