

Shūkatsu (abreviatura da expressão shūshoku katsudō, literalmente, “atividades para procurar emprego”) é a prática mais usual que leva a cabo a maioria das empresas japonesas para contratar um elevado número de recém-licenciados antes de estes terminarem os seus estudos. Por outras palavras, o processo de recrutamento no Japão começa no terceiro ano do curso, participando em seminários de contratação dentro e fora da universidade. No quarto ano dedicam-se a enviar as candidaturas para as empresas em que desejam trabalhar, com o objetivo de completar todo o processo de seleção e ser admitido nalguma. Os que o conseguem licenciam-se na universidade em março, com o objetivo de começar a trabalhar a um de abril do ano seguinte, coincidindo com o início do ano fiscal. Desta forma, qualquer pessoa que termina o curso universitário tem assegurado um emprego e as melhores empresas distribuem-se pelas universidades de prestígio.
Este ano de 2016 estou a ter a oportunidade de experimentar uma mudança cultural. Estou a conhecer o Japão através do seu mundo profissional: trabalho na empresa de arquitetura Nikken Sekkei em Tóquio, que é a empresa privada mais importante de arquitetura do Japão e a terceira maior agência de arquitetura do mundo em número de arquitetos. A experiência, para lá da importância de trabalhar numa empresa internacional e obter aprendizagem técnica, permitiu-me uma mudança de cenário social. É uma viagem cheia de nuances que implica explorar e participar num escritório, numa comunidade, numa cidade e numa cultura completamente diferente daquelas a que estou habituada.
O Japão, como turista, é um paraíso, mas como trabalhador talvez não tanto. De acordo com a minha experiência, destacaria dois aspetos que, apesar de óbvios, me parece fundamental ter em conta para quem estiver interessado em emigrar para o Japão:
Se, apesar das dificuldades te habituares ao ritmo e aproveitares as coisas boas o Japão vai conquistar-te. Como turista, enfeitiça sempre. Se te integrares, a língua japonesa deixará de ser um problema e terás alguns amigos japoneses. Darás por ti a agradecer com um pequeno gesto com a cabeça, sentir-te-ás mais confortável de cócoras do que de pé e descobrirás uma coisa com que não contavas: queres ficar.